A 17ª Cúpula dos BRICS e a Agenda 2030

Um Compromisso Global pela Transformação Sustentávelescrição do post.

Luiz Asts

7/8/20255 min read

A 17ª Cúpula dos BRICS, realizada no Rio de Janeiro em julho de 2025, consolidou-se como um marco na articulação dos países emergentes rumo a uma nova ordem global mais justa, sustentável e multipolar. Com temas como governança internacional, justiça social, transição energética e inclusão tecnológica, os líderes dos países membros – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – reforçaram o protagonismo do bloco diante dos desafios do século XXI. Os debates e acordos firmados durante o encontro convergiram diretamente com os princípios da Agenda 2030 da ONU, oferecendo respostas e propostas alinhadas com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Reforma da Governança Global

Um dos principais pontos abordados foi a necessidade de reformar as instituições multilaterais, como a ONU, o Conselho de Segurança e organismos financeiros internacionais, garantindo maior representatividade dos países em desenvolvimento. Os BRICS reivindicam um sistema global mais justo, que espelhe a realidade geopolítica atual. Segundo o ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, “os BRICS representam uma nova ordem internacional multipolar. Exigimos voz ativa nos processos decisórios globais”. Essa afirmação reforça a urgência do ODS 16, que trata da promoção da paz, da justiça e da construção de instituições eficazes, responsáveis e inclusivas.

Paz, Segurança e Cooperação Internacional

O grupo também destacou a importância da diplomacia, do multilateralismo e da resolução pacífica de conflitos. A ministra sul-africana Naledi Pandor afirmou que “a paz é condição essencial para o desenvolvimento sustentável”. Os BRICS reafirmaram o repúdio ao terrorismo, à guerra e ao uso de sanções unilaterais, defendendo a convivência pacífica entre os povos. O compromisso com a paz, como fundamento civilizatório, remete aos valores centrais do ODS 16 e aos princípios da Agenda 2030, conforme reafirmado no livro Agenda 30 – Ao Alcance de Todos, de Juscelino Olyveira, que clama por “acabar com a guerra e construir a paz”.

Financiamento Climático e Justiça Ambiental

Durante os painéis voltados às questões ambientais, os BRICS cobraram a efetivação da promessa de financiamento climático por parte dos países desenvolvidos. O grupo reivindicou o aporte de US$ 13 trilhões até a COP30, como forma de viabilizar a transição energética nos países do Sul Global. A fala da ministra sul-africana Naledi Pandor, ao afirmar que “não há justiça climática sem justiça financeira”, sintetiza a urgência de medidas concretas para garantir o cumprimento do ODS 13, que trata da ação contra a mudança do clima. Essa pauta também dialoga com o ODS 7, que defende energia limpa e acessível, e com o ODS 12, que propõe padrões sustentáveis de produção e consumo.

Saúde Global e Erradicação das Doenças da Pobreza

Outro tema central foi a cooperação em saúde pública. Os países do BRICS propuseram uma aliança para eliminar doenças relacionadas à pobreza, como a tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas. A iniciativa se alinha diretamente ao ODS 3, que prevê assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos. A proposta reforça o papel dos BRICS como catalisadores de soluções conjuntas em áreas estruturais da Agenda 2030.

Economia Verde, Juventude e Inovação

No Fórum de Jovens Líderes do BRICS, foi dado destaque à transição para uma economia verde e à criação de empregos sustentáveis para as novas gerações. Debates sobre bioeconomia, energias renováveis e empreendedorismo ambiental foram amplamente discutidos. A valorização da juventude nesse processo evidencia o compromisso com o ODS 8 (trabalho decente e crescimento econômico) e com o ODS 9 (indústria, inovação e infraestrutura), conectando sustentabilidade, inovação e inclusão.

Inclusão Digital e Inteligência Artificial Ética

Os BRICS também discutiram a regulação ética e inclusiva da inteligência artificial, apontando a necessidade de soberania digital, governança colaborativa e inclusão tecnológica. O objetivo é garantir que o avanço da IA seja pautado por valores éticos, justiça social e benefícios compartilhados. Esse debate está alinhado ao ODS 9 e ao ODS 10, voltado à redução das desigualdades.

Parcerias para o Desenvolvimento Humano

A cúpula reafirmou a importância da cooperação entre os países membros nas áreas de educação, cultura, ciência e tecnologia. A construção de redes de intercâmbio e transferência de conhecimento foi um dos compromissos firmados. A educação de qualidade (ODS 4) e a valorização das culturas locais foram destacadas como ferramentas fundamentais para o desenvolvimento humano. O livro Agenda 30, de Juscelino Olyveira, lembra que a educação transforma vidas, e que “a nossa meta é não deixar ninguém para trás” — lema que reverbera em todas as ações propostas pelo BRICS.

Agenda 2030 e os 5 Ps: Convergência com os Princípios da Cúpula

Os temas abordados pelos BRICS correspondem aos cinco pilares da Agenda 2030 — os chamados “5 Ps” descritos no livro Agenda 30: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parcerias. Ao tratar da erradicação da pobreza, do combate à fome, da valorização da saúde, da equidade de gênero, do acesso à água potável, da educação e da justiça climática, os BRICS posicionam-se como atores centrais na promoção dos ODS.

O princípio das Pessoas é defendido quando os BRICS pautam o desenvolvimento humano, a erradicação da pobreza e a promoção de políticas inclusivas. O cuidado com o Planeta está refletido na cobrança por financiamento climático e energias limpas. A Prosperidade aparece no incentivo à inovação, à economia verde e ao crescimento sustentável. A Paz é assumida como base do novo modelo de governança global defendido pelo bloco. Por fim, as Parcerias são a espinha dorsal da cooperação BRICS, desde os fóruns sociais até os acordos financeiros e culturais.

A 17ª Cúpula dos BRICS reafirmou o papel estratégico do grupo no enfrentamento dos grandes desafios globais. Ao colocar em pauta temas centrais da Agenda 2030, os países membros demonstram maturidade diplomática e compromisso com um desenvolvimento que seja sustentável, inclusivo e solidário. As vozes dos BRICS, somadas à voz da sociedade civil organizada — como o Conselho Popular do BRICS — ecoam uma mensagem clara: a transformação do mundo não pode ser adiada.

Como escreve Juscelino Olyveira em Agenda 30, “vamos construir um mundo melhor, sem pobreza, sem fome e desigualdade. A nossa meta é não deixar ninguém para trás.”