Semana do Meio Ambiente – Vida Terrestre

O desmatamento e a degradação ambiental colocam em risco milhares de espécies animais, provocando sofrimento, extinção e desequilíbrio ecológico em todo o planeta.

Luiz

6/8/20255 min read

Outro tema importante que precisamos debater é a vida na Terra, representada pelo ODS 15 da Agenda 2030. Esse objetivo propõe a proteção e o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, combatendo a desertificação, a perda de biodiversidade e promovendo o reflorestamento. Longe de ser apenas uma diretriz, trata-se de uma necessidade vital diante dos desequilíbrios causados pelas ações humanas — desequilíbrios que têm cobrado um preço altíssimo em vidas: humanas, animais e vegetais.

Juscelino Olyveira alerta em seu livro Agenda 30 ao alcance de todos:

“Cuidar bem da vida terrestre deve ser mais que um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, mas uma obrigação de todos em benefício da nossa própria sobrevivência.”

Tragédias que deixam rastros de dor: quando os animais pagam pela irresponsabilidade humana

A ação do homem sobre a natureza não apenas desequilibra ecossistemas, mas provoca sofrimento em larga escala. Tragédias ambientais recentes evidenciam esse impacto brutal sobre os animais.

Em 2020, os incêndios florestais na Califórnia (EUA) devastaram mais de 1,8 milhão de hectares, destruindo habitats e provocando a morte de aproximadamente 3 bilhões de animais — entre mamíferos, aves e répteis, segundo estimativas da Universidade de Sydney. Muitos morreram carbonizados, outros agonizaram por dias com queimaduras e desidratação, enquanto alguns poucos foram resgatados em estado crítico por voluntários e ONGs ambientais.

No Brasil, a tragédia do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), em 2019, não só tirou a vida de 272 pessoas, mas também destruiu o ecossistema local, matando centenas de animais terrestres e aquáticos. Cavalos, bois, cães, gatos e animais silvestres foram soterrados por um mar de lama tóxica, que contaminou o solo e os rios da região. A destruição foi tão intensa que, até hoje, comunidades ribeirinhas e a fauna não se recuperaram totalmente.

Outro exemplo é o vazamento de petróleo na costa nordestina do Brasil em 2019, considerado um dos maiores desastres ambientais da história do país. As manchas atingiram mais de 1.000 praias, espalhando-se por 11 estados e afetando diretamente aves marinhas, tartarugas, peixes e crustáceos. Muitas aves, como atobás e fragatas, foram encontradas cobertas de óleo, agonizando ou já mortas. A contaminação não só interrompeu cadeias alimentares como também afetou populações humanas que dependiam da pesca.

Esses episódios mostram que o sofrimento dos animais não se limita à caça ou ao desmatamento. Muitas vezes, ele é resultado de negligência, ganância, falhas de infraestrutura e políticas públicas ausentes. Como afirmou a ONG internacional World Animal Protection:

“As catástrofes ambientais provocadas pelo homem não matam apenas florestas — elas silenciam vozes que não podem pedir socorro.”

A fauna ameaçada: reflexo de uma crise sistêmica

De acordo com a IUCN, mais de 1.200 espécies de animais brasileiros estão sob ameaça de extinção, incluindo a onça-pintada, o tamanduá-bandeira, o mico-leão-dourado e o tatu-canastra. Esse colapso silencioso decorre, principalmente, do desmatamento, das queimadas e da fragmentação dos habitats naturais.

Entre 2022 e 2023, estima-se que mais de 17 mil animais silvestres morreram queimados em incêndios no Pantanal e na Amazônia, segundo o Instituto Centro de Vida. A flora e a fauna desses biomas estão desaparecendo diante de nossos olhos.

A Dra. Angela Kuczach, diretora da Rede Pró-Unidades de Conservação, é categórica:

“As espécies não sobrevivem de promessas. Sem áreas protegidas efetivas, com orçamento e gestão, a fauna brasileira continuará sangrando.”

Alterações no comportamento animal e desequilíbrio ecológico

A vida terrestre também está sendo alterada por mudanças comportamentais forçadas dos animais. Pássaros migratórios têm mudado suas rotas ou interrompido ciclos de migração por causa da urbanização e do aumento da temperatura. Macacos e capivaras têm invadido centros urbanos, forçados a buscar alimento e abrigo. Javalis e outras espécies invasoras se proliferam descontroladamente em regiões alteradas pela agricultura e pastagem, ameaçando espécies nativas e a agricultura local.

Essas mudanças são reflexo do colapso dos habitats naturais, mas também representam o colapso de uma lógica de coexistência. O planeta responde — e o faz em forma de deslocamentos, desequilíbrio e perda de biodiversidade.

Casos de esperança: a natureza pode se regenerar

Apesar do cenário sombrio, a recuperação é possível. O Projeto Ararinha Azul, na Bahia, conseguiu reintroduzir aves que estavam extintas na natureza há mais de 20 anos. Já o Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado, no Rio de Janeiro, aumentou sua população de 200 para quase 2 mil indivíduos. A recuperação da vegetação na Mata Atlântica com o Programa Refloresta-RJ também é um exemplo de que, com vontade política e mobilização social, é possível restaurar a vida.

O WWF-Brasil, por meio do programa Florestas de Valor, também atua no fortalecimento de cadeias sustentáveis e na recuperação de áreas degradadas, beneficiando espécies e comunidades locais.

O custo invisível do desmatamento

Além da destruição de vidas, o desmatamento representa um custo invisível, porém altíssimo: perda de polinizadores, escassez de água, erosão de solo, redução da biodiversidade e intensificação do aquecimento global.

Como afirma Juscelino Olyveira:

“Nossas florestas estão desmatadas. Nossas águas contaminadas. Está na hora de acordar. Está na hora de mudar. Está na hora de preservar.”

A vida na Terra está em colapso. Tragédias provocadas direta ou indiretamente pelas mãos humanas estão matando milhares de espécies, muitas antes mesmo de serem catalogadas. O sofrimento dos animais não é uma metáfora poética — é uma realidade sangrenta e silenciosa que se espalha por rios, florestas e montanhas.

Se quisermos um futuro com ar limpo, clima estável e alimentos saudáveis, precisamos proteger as florestas e os animais que nela habitam. O ODS 15 nos lembra que a biodiversidade é o coração pulsante do planeta — e seu colapso é o colapso da própria humanidade.

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